A família palotina está em festa. Este ano fazemos memória dos 50 anos de presença do Seminário “Mater Divini Amoris” em Curitiba, que, neste longo período de existência nesta querida arquidiocese, sempre se preocupou em formar homens comprometidos com o anúncio da verdade evangélica, Jesus Cristo, em plena comunhão com a Igreja. O tema deste momento jubilar, reavivar a fé e reacender a caridade entre os cristãos e em todo o mundo, é bem sugestivo e está plenamente em conformidade com o desejo de nosso fundador, São Vicente Pallotti. Ora, fora justamente para cumprir tal objetivo que os palotinos quiseram fazer história no Paraná e, especialmente, na sua capital construindo nela uma de suas primeiras casas de formação para os jovens que desejassem tornar-se palotinos.
Por isso, faz-se mister recorrermos à história que nos dará algumas luzes acerca de como isso aconteceu, ou seja, como chegou a tão nobre acontecimento de importância ímpar tanto para a Igreja no Paraná quanto para o crescimento dos palotinos no Brasil. Pois bem, ainda em 1946, o superior dos Palotinos, Pe. Henrique Fechtig, fizera um requerimento à cúria Arquidiocesana de Curitiba, pedindo a autorização para que fosse fundada uma casa religiosa na cidade. Após ser dada uma resposta positiva a esse pedido, começou-se a procurar um terreno que fosse propício para construir uma casa que atendesse os objetivos primários – servir de noviciado e seminário maior. A tarefa de encontrá-lo ficou a cargo do Pe. Germano Mayer, na época vigário de uma das paróquias cuidadas pelos palotinos em Curitiba, a paróquia Cristo Rei (a outra é São José de Vilas Oficinas). E, dentre tantos, o terreno escolhido foi “um pequeno pinhal” situado no Alto Cajuru (atualmente uma região bem desenvolvida). Contudo, não foram de imediato iniciadas as construções; pareceu necessário que se deixasse o terreno descansar por mais alguns anos até que, em janeiro de 1958, o Conselho Provincial da Província São Paulo Apóstolo resolveu iniciar a construção da casa que seria imediatamente utilizada como noviciado (período introdutório à vida palotina) – até então feito em Londrina, norte do Paraná (onde atualmente funciona o Telogado “Vicente Pallotti”) – e também como Seminário Maior.
Feito isso, no dia 15 de novembro de 1959, foi benta e lançada a pedra fundamental, pelo próprio arcebispo de Curitiba à época, D. Manuel da Silveira D’Elboux. Nesta pedra fundamental, elemento que marcou oficialmente o início da construção de nosso Seminário, existe um documento que menciona muito claramente a finalidade da obra e, ao mesmo tempo, situa-o no seu específico contexto histórico. Gostaríamos, pois, de torná-lo público para percebermos a seriedade que gira em torno da construção de uma casa religiosa. Assim está escrito: “Em nome da Santíssima Trindade, em 15/11/1959, gloriosamente reinante no seu segundo ano o Papa João XXIII, Presidente da República do Brasil Juscelino Kubitschek, Arcebispo de Curitiba Dom Manuel da Silveira D’Elboux, Dom Jerônimo Mazzarotto, Bispo Auxiliar, Dr. Moisés Lupion, Governador do Estado do Paraná, General Iberê Matos, Prefeito de Curitiba. Os Padres palotinos começaram a construir este prédio para o noviciado e seminário maior da Província do Paraná e de São Paulo. Sendo Superior geral da SAC [Sociedade do Apostolado Católico – Congregação dos Palotinos] Pe. Guilherme Moehler, Provincial Pe. Damian Kirchgessner, Vice provincial Pe. Antônio Lock, Conselheiros Pe. Carlos Probst, Pe. Carlos Giebel, Pe. Aluysio Fávaro, Vigário do Cristo Rei Pe. Guilherme Hilpert, cooperadores Pe. Luiz Schweiger e Pe. Oscar Raeffle, autor do projeto Engenheiro Oto Hildebrand Doepfner, Mestre de Obras Teófilo Smolenski. O terreno de 15.828 m2 foi adquirido pelo primeiro vigário da paróquia Cristo Rei Pe. Germano Mayer. [...] foi oficiada por Sua Excelência Reverendíssima, Arcebispo de Curitiba Dom Manuel da Silveira D’Elboux no dia da festa de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná e na época da preparação do sétimo Congresso Eucarístico Nacional do Brasil que se realizará em Curitiba no mês de maio de 1960” .
A abertura deste ano jubilar foi feita no Domingo – 15 de Novembro de 2009 – na Capela do Seminário em Curitiba que é também comunidade da paróquia São José, de Vilas Oficinas. Aquele foi um momento memorável para toda a nossa família palotina e, obviamente, também para a comunidade paroquial que cresceu próxima àquela casa religiosa. Neste ano serão feitos muitos eventos que nos farão conhecer um pouco mais a história dessa casa ao longo deste seu meio século de existência. O encerramento, com magnífica festa do Jubileu de Ouro de nossa casa em Curitiba, dar-se-á com a celebração eucarística no dia 15 de agosto de 2010. Esta data é importante para nós porque foi neste dia, no ano de 1960, que a primeira turma de noviços recebeu o hábito da nossa Congregação (antigamente chamado de “batina”) nesta mesma casa.
Por tudo isso, neste espírito de alegria, entusiasmo e confiança convidamos as pessoas de boa vontade a se unirem conosco neste período marcante para nossa história em Curitiba e no Paraná. Ora, comemorar um jubileu é oportunidade única na vida. Portanto, é um momento de celebração, mas também de revisão e, de um lançar-se para o futuro com novas idéias, projetos e perspectivas de fazer sempre mais e melhor, tendo em vista a construção do Reinado de Deus neste mundo.
Antes de terminar, é interessante ter claro que o seminário é um lugar de extrema importância para a Igreja. E não é à toa. É o lugar onde são formados aqueles que darão continuidade à missão do anúncio do Reino de Deus e se esforçam para que, de fato, ele aconteça entre nós. Para melhor compreensão, podemos utilizar a imagem da estufa, onde são colocadas as sementes e são dadas todas as possibilidades de elas se desenvolverem: são regadas dia-a-dia até que cresçam, floresçam e dêem muitos frutos. Assim é o “Seminário”. As vocações são cuidadas com bastante zelo, empenho e dedicação, a fim de que dêem muitos frutos para o reino de Deus. Certamente, nosso seminário de Curitiba já recebeu muitas sementes ao longo de seus 50 anos. Todas, de uma forma ou de outra, se desenvolveram, floresceram, e agora, como árvores frutíferas, nos fazem sentir a doçura de Deus que se faz presente entre nós, em nossa história, em nossa vida. Oxalá continue Deus suscitando no meio do seu povo jovens corajosos e ansiosos para servi-lo, servindo aos irmãos na vida consagrada e/ou presbiteral, como palotinos, desejando viver e tornar cada vez mais conhecido o ideal de São Vicente Pallotti: reavivar a fé e reacender a caridade onde se faz necessário.
Antonio José Mouzinho de Sousa, SAC