A liberdade é o único absoluto que encontramos na vida. Não procede nem da natureza, nem da corrente de vida biológica, nem de outras pessoas. O seu valor incondicional é a presença de Deus em nós.
O que desperta o ser humano como pessoa, como liberdade, é o outro. Sobretudo o outro diferente, por exemplo, o pobre, o estrangeiro, o pecador, o escravo. O outro questiona, obriga a fazer alguma coisa. Pode-se sentir o outro como intruso, perigo, ameaça, não olhar, não se inteirar, rejeitar ou eliminar. A presença do outro é problema e desafio. É justamente o que vai desafiar a liberdade. Quem se fecha ao outro é por medo, egoísmo, isto é, medo de se incomodar.
A chegada do outro deve despertar o amor. O amor será a aceitação, abertura, e, portanto, leva a uma reconstrução da vida. Uma vez que se tem de abrir espaço para o outro, tudo muda. O outro incomoda, necessariamente. Se não incomoda é porque ainda não foi reconhecido e aceito tal como é. Isso é exatamente o que se teme: temor de que o amor perturbe a tranqüilidade, as previsões, os projetos. Por isso muitos ficam com medo e procuram fugir ou ignorar para não ter de amar. O amor obriga a inventar uma conduta nova. O que fazer com essa pessoa? Como combinar uma convivência entre ela e mim? Amar é deixar existir, deixar que o outro esteja ali do meu lado, e ter de compartilhar com ele nem que seja uma parte do tempo.
O passo fundamental da liberdade é a libertação de si próprio, do medo, da covardia, dos desejos. Entende-se que o agir libertador seja o serviço ao outro. O amor é serviço ao próximo.
A liberdade é a capacidade de fazer surgir vida. Por isso Deus é liberdade perfeita, porque produz vida perfeita: o Filho e o Espírito Santo são iguais a ele. A pessoa torna-se livre no serviço gratuito ao próximo.
Jesus ao assumir a nossa humanidade, quis, em primeiro lugar, salvar as ovelhas abandonadas. Em segundo lugar quis proporcionar aos seus discípulos a verdadeira liberdade de filhos de Deus. Na verdade, Jesus não veio ao mundo para libertar os homens, nem os discípulos, nem o povo de Israel, nem a humanidade. Ele veio proclamar, comunicar a vocação de todos para a liberdade, para que cada um dos chamados conquistasse sua libertação. Chamou a muitos para que seguissem o seu caminho e se tornassem livres como ele. Jesus ensinou que ninguém liberta ninguém. Cada um deve percorrer o caminho, converter-se, mudar de vida.
Na parábola do samaritano, o sacerdote e o levita eram escravos das leis do templo. O samaritano, por sua vez, mostrou que era livre: deixou tudo e cuidou do assaltado. Essa é a liberdade a que o discípulo de Jesus é vocacionado. “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
Jesus não podia libertar porque a liberdade é uma vocação, por conseguinte uma conquista. É verdade também que é um dom de Deus. Não há contradição entre dom de Deus e liberdade. O dom está justamente na liberdade que é participação na liberdade de Deus.
A fé para São Paulo consiste em a pessoa se entregar à sua vocação para a liberdade. A fé é lançar-se para frente, é entrar no desabrochar da liberdade. A fé é risco porque ninguém tem a experiência daquilo que vem depois. A liberdade é risco total. A fé é jogar-se no risco. Pascal dizia que a fé era uma aposta. Aposta pelo caminho da vida, sem tê-la previamente experimentado. A fé não é um ato de um puro pulo no vazio porque a fé ilumina a inteligência. No ato da fé, tudo na vida recebe uma nova iluminação, novo sentido, novo valor. As leis, por sua vez, têm apenas uma função pedagógica, conduzem para a liberdade.
Não é livre aquele que diz que faz o que quer, mas, na realidade, não sabe resistir à pressão dos desejos, tornando-se escravo dos objetos que excitam os seus desejos.
A filiação é libertação: faz passar do estado de escravo para o estado de livre. “Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3,17). “Não recebestes um espírito de escravos, mas de filhos adotivos” (Gal 4,6).
Pe. Valdeci Antonio de Almeida. Consagrados para o reino, radicais para o mundo. Trabalho de pós-graduação – Couseling.
O que desperta o ser humano como pessoa, como liberdade, é o outro. Sobretudo o outro diferente, por exemplo, o pobre, o estrangeiro, o pecador, o escravo. O outro questiona, obriga a fazer alguma coisa. Pode-se sentir o outro como intruso, perigo, ameaça, não olhar, não se inteirar, rejeitar ou eliminar. A presença do outro é problema e desafio. É justamente o que vai desafiar a liberdade. Quem se fecha ao outro é por medo, egoísmo, isto é, medo de se incomodar.
A chegada do outro deve despertar o amor. O amor será a aceitação, abertura, e, portanto, leva a uma reconstrução da vida. Uma vez que se tem de abrir espaço para o outro, tudo muda. O outro incomoda, necessariamente. Se não incomoda é porque ainda não foi reconhecido e aceito tal como é. Isso é exatamente o que se teme: temor de que o amor perturbe a tranqüilidade, as previsões, os projetos. Por isso muitos ficam com medo e procuram fugir ou ignorar para não ter de amar. O amor obriga a inventar uma conduta nova. O que fazer com essa pessoa? Como combinar uma convivência entre ela e mim? Amar é deixar existir, deixar que o outro esteja ali do meu lado, e ter de compartilhar com ele nem que seja uma parte do tempo.
O passo fundamental da liberdade é a libertação de si próprio, do medo, da covardia, dos desejos. Entende-se que o agir libertador seja o serviço ao outro. O amor é serviço ao próximo.
A liberdade é a capacidade de fazer surgir vida. Por isso Deus é liberdade perfeita, porque produz vida perfeita: o Filho e o Espírito Santo são iguais a ele. A pessoa torna-se livre no serviço gratuito ao próximo.
Jesus ao assumir a nossa humanidade, quis, em primeiro lugar, salvar as ovelhas abandonadas. Em segundo lugar quis proporcionar aos seus discípulos a verdadeira liberdade de filhos de Deus. Na verdade, Jesus não veio ao mundo para libertar os homens, nem os discípulos, nem o povo de Israel, nem a humanidade. Ele veio proclamar, comunicar a vocação de todos para a liberdade, para que cada um dos chamados conquistasse sua libertação. Chamou a muitos para que seguissem o seu caminho e se tornassem livres como ele. Jesus ensinou que ninguém liberta ninguém. Cada um deve percorrer o caminho, converter-se, mudar de vida.
Na parábola do samaritano, o sacerdote e o levita eram escravos das leis do templo. O samaritano, por sua vez, mostrou que era livre: deixou tudo e cuidou do assaltado. Essa é a liberdade a que o discípulo de Jesus é vocacionado. “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
Jesus não podia libertar porque a liberdade é uma vocação, por conseguinte uma conquista. É verdade também que é um dom de Deus. Não há contradição entre dom de Deus e liberdade. O dom está justamente na liberdade que é participação na liberdade de Deus.
A fé para São Paulo consiste em a pessoa se entregar à sua vocação para a liberdade. A fé é lançar-se para frente, é entrar no desabrochar da liberdade. A fé é risco porque ninguém tem a experiência daquilo que vem depois. A liberdade é risco total. A fé é jogar-se no risco. Pascal dizia que a fé era uma aposta. Aposta pelo caminho da vida, sem tê-la previamente experimentado. A fé não é um ato de um puro pulo no vazio porque a fé ilumina a inteligência. No ato da fé, tudo na vida recebe uma nova iluminação, novo sentido, novo valor. As leis, por sua vez, têm apenas uma função pedagógica, conduzem para a liberdade.
Não é livre aquele que diz que faz o que quer, mas, na realidade, não sabe resistir à pressão dos desejos, tornando-se escravo dos objetos que excitam os seus desejos.
A filiação é libertação: faz passar do estado de escravo para o estado de livre. “Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3,17). “Não recebestes um espírito de escravos, mas de filhos adotivos” (Gal 4,6).
Pe. Valdeci Antonio de Almeida. Consagrados para o reino, radicais para o mundo. Trabalho de pós-graduação – Couseling.
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