Este blog é um canal de comunicação e partilha entre católicos e não-católicos, com o intuito de criar um espaço de partilha e crescimento espiritual. Participem com sugestões, escritos teológicos, questionamentos e dúvidas sobre a doutrina ou catequese da Igreja, mandem testemunhos e comentários, teremos grande alegria em crescermos juntos na fé.







quarta-feira, 28 de abril de 2010

Ciclo de Reflexões sobre Vocação

Saudações caros (a) leitores (a), inicaremos um ciclo de reflexões em torno da temática da vocação. O primeiro tema a ser tratado é sobre a liberdade. Não serão interrompidos os artigos e notícias correntes. Todas as reflexões deste ciclo, terão uma marcação numerada. Esses temas foram desenvolvidos pelo Pe. Valdeci Antonio de Almeida no seu trabalho de Especialização em Couseling, chamado “Consagrados para o Reino, radicais para o mundo”.

Boa leitura!

A criação como ato livre de Deus que cria o homem livre - (Reflexão 2)

Na narrativa do Gênesis Deus fala diretamente ao homem: “Tu poderás comer de todas as árvores do jardim, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deve comer, porque se dela comer, certamente morrerás” (Gen 2, 16-17). É a primeira vez que Deus fala com o homem nesta narração e as suas palavras exprimem uma afirmação positiva. O homem recebe como dom todas as árvores, inclusive a árvore da vida, que se encontra no meio do jardim (v. 9). A árvore da vida testemunha que Deus criou o homem fundamentalmente em vista da vida, a qual está à disposição do homem e lhe pertence como realidade dada por Deus. O fato de não permitir que o homem não coma da árvore, Deus quer revelar-lhe que ele é humano e que sua vida deve ser como humano, não pode pretender ser Deus. Toda vez que o homem tiver essa pretensão morrerá, cairá no vazio.

Na aceitação da sua verdade, renunciando ser o princípio e o fundamento de si mesmo, o homem acolhe a possibilidade e o convite de entrar em comunhão com Deus. Na acolhida da própria existência como graça, o homem encontra Deus e chega a realizar-se como ser humano. A limitação imposta por Deus no (v. 17) não é uma simples proibição, cuja transgressão incorreria na morte, mas representa a possibilidade de reconhecer e acolher com alegria a diversidade do outro e o próprio limite. Todas as vezes que o homem tiver a pretensão de acumular tudo para si, encontrará a morte. Com esse mandamento de Deus, o homem encontrará a sua verdadeira liberdade. As duas árvores representam dois aspectos de Deus e dois modos de aproximação da realidade. Se por um lado, a árvore da vida representa Deus como graça que assegura o futuro e a plenitude do homem, por outro, a árvore do conhecimento do bem e do mal simboliza a capacidade humana de escolher livremente e responsavelmente. Perante esta árvore, o homem ultrapassa o nível instintivo, que no texto é representado em relação com os frutos das outras árvores do jardim: “Agradáveis aos olhos e bons ao paladar” (Gen 2,9), os quais suscitavam o apetite, ou seja, um tipo de tendência instintiva em relação àquilo que satisfaz as necessidades e os desejos. Diante da árvore do conhecimento do bem e do mal, o homem deve agir de maneira distinta, buscando uma escolha livre e responsável.

O homem descobre que nem todas as árvores do jardim são iguais e que sua existência, necessariamente, não está fundada exclusivamente no comer. É justamente aí que nasce a liberdade e a responsabilidade dele diante de Deus e das coisas criadas. Perante a árvore do conhecimento do bem e do mal, o homem se coloca em um universo de gratuidade absoluta, fundado sobre o valor originário e determinante da existência, isto é, da comunhão transparente com Deus, antes de qualquer divisão entre bem e mal. Deste valor fundante e originário dependerão todos os outros

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A liberdade é uma VOCAÇÃO – Reflexão 1


A liberdade é o único absoluto que encontramos na vida. Não procede nem da natureza, nem da corrente de vida biológica, nem de outras pessoas. O seu valor incondicional é a presença de Deus em nós.
O que desperta o ser humano como pessoa, como liberdade, é o outro. Sobretudo o outro diferente, por exemplo, o pobre, o estrangeiro, o pecador, o escravo. O outro questiona, obriga a fazer alguma coisa. Pode-se sentir o outro como intruso, perigo, ameaça, não olhar, não se inteirar, rejeitar ou eliminar. A presença do outro é problema e desafio. É justamente o que vai desafiar a liberdade. Quem se fecha ao outro é por medo, egoísmo, isto é, medo de se incomodar.
A chegada do outro deve despertar o amor. O amor será a aceitação, abertura, e, portanto, leva a uma reconstrução da vida. Uma vez que se tem de abrir espaço para o outro, tudo muda. O outro incomoda, necessariamente. Se não incomoda é porque ainda não foi reconhecido e aceito tal como é. Isso é exatamente o que se teme: temor de que o amor perturbe a tranqüilidade, as previsões, os projetos. Por isso muitos ficam com medo e procuram fugir ou ignorar para não ter de amar. O amor obriga a inventar uma conduta nova. O que fazer com essa pessoa? Como combinar uma convivência entre ela e mim? Amar é deixar existir, deixar que o outro esteja ali do meu lado, e ter de compartilhar com ele nem que seja uma parte do tempo.
O passo fundamental da liberdade é a libertação de si próprio, do medo, da covardia, dos desejos. Entende-se que o agir libertador seja o serviço ao outro. O amor é serviço ao próximo.
A liberdade é a capacidade de fazer surgir vida. Por isso Deus é liberdade perfeita, porque produz vida perfeita: o Filho e o Espírito Santo são iguais a ele. A pessoa torna-se livre no serviço gratuito ao próximo.
Jesus ao assumir a nossa humanidade, quis, em primeiro lugar, salvar as ovelhas abandonadas. Em segundo lugar quis proporcionar aos seus discípulos a verdadeira liberdade de filhos de Deus. Na verdade, Jesus não veio ao mundo para libertar os homens, nem os discípulos, nem o povo de Israel, nem a humanidade. Ele veio proclamar, comunicar a vocação de todos para a liberdade, para que cada um dos chamados conquistasse sua libertação. Chamou a muitos para que seguissem o seu caminho e se tornassem livres como ele. Jesus ensinou que ninguém liberta ninguém. Cada um deve percorrer o caminho, converter-se, mudar de vida.
Na parábola do samaritano, o sacerdote e o levita eram escravos das leis do templo. O samaritano, por sua vez, mostrou que era livre: deixou tudo e cuidou do assaltado. Essa é a liberdade a que o discípulo de Jesus é vocacionado. “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
Jesus não podia libertar porque a liberdade é uma vocação, por conseguinte uma conquista. É verdade também que é um dom de Deus. Não há contradição entre dom de Deus e liberdade. O dom está justamente na liberdade que é participação na liberdade de Deus.
A fé para São Paulo consiste em a pessoa se entregar à sua vocação para a liberdade. A fé é lançar-se para frente, é entrar no desabrochar da liberdade. A fé é risco porque ninguém tem a experiência daquilo que vem depois. A liberdade é risco total. A fé é jogar-se no risco. Pascal dizia que a fé era uma aposta. Aposta pelo caminho da vida, sem tê-la previamente experimentado. A fé não é um ato de um puro pulo no vazio porque a fé ilumina a inteligência. No ato da fé, tudo na vida recebe uma nova iluminação, novo sentido, novo valor. As leis, por sua vez, têm apenas uma função pedagógica, conduzem para a liberdade.
Não é livre aquele que diz que faz o que quer, mas, na realidade, não sabe resistir à pressão dos desejos, tornando-se escravo dos objetos que excitam os seus desejos.
A filiação é libertação: faz passar do estado de escravo para o estado de livre. “Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Cor 3,17). “Não recebestes um espírito de escravos, mas de filhos adotivos” (Gal 4,6).

Pe. Valdeci Antonio de Almeida. Consagrados para o reino, radicais para o mundo. Trabalho de pós-graduação – Couseling.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Retiro do mês de Abril

Estamos vivenciando nosso retiro do mês de abril...
O tema é a Páscoa do Senhor e o pregador é o nosso Reitor, Pe. José Lino.
Contamos com a oração de todos.
(depois partilhamos um pouco sobre a experiência desse retiro)